domingo, 24 de julho de 2011
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Bioy Casares
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Decoração
Quero um coro novo sem decoro.
Oro porque possa, sem corar,
Atingir o novo da oração de cor,
de cor. Decoro um espaço vivo de coração
a ver se me inspira uma lágrima
e obedeço.
desço ao mais íntimo de mim mesmo
devendo saber que veia atingir
para que, enfim,
possa tingir, de rojo muy colorado,
o tecido dormente que recobre a peça
que me tem a ela acorrentado.
Ainda não me decorei.
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Contudo
"Pois que dedico esta coisa aí ao antigo Schumann e sua doce Clara que são hoje ossos, ai de nós"
C. Lispector
É uma maçã.
A verdade: ira divina manifestada nos homens.
Devo contorcer-me num riso louco, afogado.
Devo começar agora e só parar quando ouvir:
- Isto é uma maçã.
Roída.
Será que a maçã...?
- Rubra.
Não como as bocetas porque elas se mantêm bem vermelhas, latejandúmidas...
- Na verdade escurecem até findar num buraco negro e sujo. As maçãs clareiam:
Ebúrneas.
Será que a maçã é...
Sim?
Carta em branco. Nenhum destinatário. O que não é porque se perde na linhimagemágica:
Tempo.
Você aí, de outro lado que não o meu, dissociando-se de bom grado.
Gradativamente.
Eu me perdi pra diante. Segui por trajetos escusos, ultrapassei meus limites.
- É mesmo tua razão que te faz Homem? Teu pau, o que é?
Não posso afirmar muito, sei que ultrapasso a linha do meu corpo e isso me lança bem pra longe, digo.
Dito.
É assim que vivo: possuo-te em outros corpos que não o meu,
[ Não posso possuir-te, assim de chofre, sem libertar-me da ira divina]
, deleito-me sobre minha própria condição de existir paralelamente.
Essa transitoriedade me eleva, me desencerra.
Grilhões não me prendem mais.
Sou todo alma agora.
De novo devo contorcer-me epileticamente num riso longo.
É duro. Sólido este corpo tátil que atravesso.
Quebro-me em estilhaços espelhados que fazem de ti um universo pequeno diante da imagem tua, em mim refletida.
- Dá-me a matéria magiquimagética que te peço:
Tempo.
Não quero Deus, não quero o físico que te encerra. Se fosse opção, escolheria o branconadaviscoso de onde sei que vim. O medo me prende e não posso ser lançado nesse jato de porra sobre o qual a coisa toda cresce pra o nãoseiqueonde e que me faria mais parte de ti nela mesma.
Sem essa consciência,
contudo.
domingo, 3 de julho de 2011
Nocturno en que nada se oye
sin respirar siquiera para que nada turbe mi muerte
en esta soledad sin paredes
al tiempo que huyeron los ángulos
en la tumba del lecho dejo mi estatua sin sangre
para salir en un momento tan lento
en un interminable descenso
sin brazos que tender
sin dedos para alcanzar la escala que cae de un piano invisible
sin más que una mirada y una voz
que no recuerdan haber salido de ojos y labios
¿qué son labios? ¿qué son miradas que son labios?
Y mi voz ya no es mía
dentro del agua que no moja
dentro del aire de vidrio
dentro del fuego lívido que corta como el grito
Y en el juego angustioso de un espejo frente a otro
cae mi voz
y mi voz que madura
y mi voz quemadura
y mi bosque madura
y mi voz quema dura
como el hielo de vidrio
como el grito de hielo
aquí en el caracol de la oreja
el latido de un mar en el que no sé nada
en el que no se nada
porque he dejado pies y brazos en la orilla
siento caer fuera de mí la red de mis nervios
mas huye todo como el pez que se da cuenta
hasta ciento en el pulso de mis sienes
muda telegrafía a la que nadie responde
porque el sueño y la muerte nada tienen ya que decirse.
Xavier Villaurrutia, 1903 -1950
sábado, 2 de julho de 2011
Se há o verbo:
Eu mingulo o tempo quimingole
porque caibunele.
Quandé que sou o meu tempo?
Em que parte eu sou meu roteiro?
Se marcho manso ou recuo
eu mingulo.
Mingulo na ignorância
do meu medo quiminorme,
caibunele mesmo grande porque, a tempo,
midiminuindo mintendo.
Só desejo engolir o que não está em mim e isso é raro porque é só.
Mingulirsimilátimilé micabendo é bom,
restringe, esvaziando de significado o que
se busca com tanto desenfreio que desarranja, não acaba bem e não revela.
Meu estado de verdade e lucidez não sou eu quem o produz,
mas em mim se transforma, só por isso eu mingulo.
Mingulo porque o relógio na parede é de mentira.
É pintado e, toda vez que o encaro, mente as horas,
daí, então, eu também mingulo ele.
Bolas brancas sem ponteiros disfarçam a verdade incontida e circular.
Circunscrevendo, me acho
a tempo:
Quero um verbo novo.
Novo sem meu consentimento.