quinta-feira, 12 de abril de 2012

Repetição


Então invento um mundo de coisas reais-físicas pra que eu possa negar a metafísica, o real-místico
:  todo seu entorno imagético criado.
Então fantasio a segurança do meu mundo:
Essa é minha mística.
Da minha janela observo a vida com certa apatia por saber que não sou observado.
Ocorre que só me repito em outras janelas.
Infinitamente:
                 

Um espelho frente a outro
Eu
Me
Repito 

atrás de um quadrado que replica o vazio de uma cidade fantasma
   [Estou me salvando nos outros. Todo tempo me salvando nos outros. Tentando me salvá-los].

Num deserto que não é [nada] de almas, nem de mentes, só de corpos.
Corpos velhos, cansados, cadáveres ambulando sob a força de um impulso já morto,
Quem estou eu em meio a essa orgia necrófaga?
Que faço se não sou capaz de oferecer-me uma resposta conclusiva?  

[mesmo tendo plena consciência de que não me a quero em mim; mesmo estando certo de que não há desfecho ao final da interrogação que, como eu, se engole e se reinventa em novas inquietudes ad infinitum]

Tenho me engolido repetidamente pra manter a sanidade:
 Engolindo meu juízo frente a um espelho que
Serrepeterrepete-me
¿?

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